Depois de dar as indicações
suficientes ao Nico chegamos ao local onde o meu irmão treina, não era um
estádio nem um grande clube, era um clube que fazia o meu irmão crescer como
jogador e como pessoa e isso era o mais importante, para além disso a Escola Geração
Benfica estava presente no clube. Não foi difícil arranjar um lugar para
estacionar, existia imensos lugares nas redondezas mas para estacionar um carro
como aqueles era preferível ser um sítio mais calmo, mais escondido, assim que
estacionamos o Nico saiu do carro a correr e abriu-me a porta e eu agradeci-lhe
e depois dei-lhe um beijo no rosto, ele olhou-me querendo demonstrar que queria
algo mais do que aquele beijo e eu acabei por lhe fazer a vontade e encostei-o
á porta da parte do carro e dei-lhe um beijo bem ousado, bem sentido, só porque
não sabia quando o podia voltar a dar. Eu ia estar com a minha família e não
queria ousar dando-lhe um beijo nos lábios mas sem dúvida alguma que teria mais
algumas trocas de carinhos, como um abraço, darmos as mãos… Agarrou-me no fundo
das costas e puxou-me contra ele, e eu agarrei-o no peito, eu amava-o e ele
também me amava, talvez estivéssemos a ir depressa demais mas eu não queria
saber, eu queria-o só para mim, queria viver aquele amor, queria sentir-me segura,
queria sentir-me feliz e ele dava-me tudo o que eu precisava de sentir. Assim
que separamos os nossos lábios, ele sorriu e eu senti um arrepio no corpo, não
pelo seu toque porque esse ainda me fazia corar mas sim porque senti uma
corrente de ar, ele separou as nossas mãos que estavam juntas enquanto ele
fechava a porta e foi até ao porta-bagagens e tirou um casaco de malha lindo e
deu-me, apesar de nos conhecermos á pouco tempo ele já sabia algumas coisas
sobre mim, como por exemplo que sou friorenta, eu beijei-o e sussurrei-lhe ao
ouvido:
-Muito obrigada Osvaldo!- ele
corou e sorriu. Depois respondeu:
-Oh amor não me chames pelo
primeiro nome, faz-me sentir mais velho e ainda só tenho 24 anos! – Sorri e
respondi:
-Eu também tenho um primeiro nome
que não uso mas não te vou dizer: é segredo! – Sorri e coloquei o meu dedo em
cima dos lábios, demonstrando que era segredo.
-Diz lá o teu primeiro nome
pequenina. Já sabes o meu.
-Na na ni na não. Vais ter de
descobrir sozinho príncipe. – Ele fez ar de amuado e eu não resisti e dei-lhe
um beijo rápido nos lábios e acrescentei. – Sabes que te amo meu bem.
-Por acaso não sabia mas gosto
que me digas! – Ele estava encostado ao carro e eu estava colada a ele a
olharmo-nos olhos nos olhos.
-Ando a mimar-te demasiado minha
essência. E tu amas-me?
-Amo-te como amo o ar que
respiro! – Sorrimos cumplicemente e depois sai de junto do carro e vesti o
casaco que ele me tinha emprestado, era grande para mim como é óbvio mas eu
desde sempre que adoro usar roupa de homem, que me fique grande, fazia
sentir-me segura e acabo por vesti-lo, ficando mais comprido que o meu próprio
vestido. A sorte do casaco é que era preto e ficava bem com o vestido. Mas
assim que me viro dou de costas com aquele local, aquele local que eu não gostava…
Quer dizer não era bem gostar, simplesmente já passei um dos momentos mais
infelizes mas também momentos muito felizes, o Nico estava de mãos dadas comigo
e eu abri a boca pasmada, parece que caiu algo muito pesado sobre mim e aperto
a mão do Nicolás, ele abraça-me, fez-me sentir ainda mais nas nuvens, eu
precisava de um ombro amigo ou do apoio e segurança do meu namorado e ele mesmo
sem dizer nada sentiu e deu-me. Aconcheguei-me e ficamos assim durante segundos
e ele falou:
-Príncipe obrigada por seres o
homem que preciso!- continuei aconchegada nos seus braços, ele respirou fundo e
deu-me ainda mais calma, e mais segurança. Ficamos assim durante algum tempo
mas depois ele pergunta:
-Amor queres explicar porque
ficaste neste estado depois de veres este lugar?
-Acho que não vais querer saber o
porquê.
-Só contas se quiseres, não te
vou obrigar. Mas acho que se desabafares te sentirás melhor.
-Tens razão mas tenho medo de não
me quereres ouvir ou de preferires que não fale sobre o assunto. – Ele separou-nos
e deu-me um beijo no rosto, sentou-se á beira do passeio e eu sentei-me ao lado
dele, estiquei as minhas pernas e queria encostar a minha cabeça ao seu ombro
mas não resisti a olhar-lhe olhos nos olhos, o dia estava a tornar-se noite e
os seus olhos eram lindos, ficavam ainda mais de noite, ele olhou-me novamente
e eu senti-me corar, aquele homem ainda me fazia corar mesmo depois de
namorarmos.
Ficamos assim durante algum tempo mas eu decidi
encostar a cabeça ao seu ombro e ele fala:
-Eu quero sempre ouvir a minha namorada, quero e vou
sempre querer. Tudo o que te diz respeito também me diz a mim, quer seja do
passado, como do presente ou futuro. Eu amo-te e esse sentimento une-nos em
todos os sentidos. – Fiquei sem saber o que responder. Mas decidi contar a
história daquele lugar:
-Nem todos os homens são perfeitos como tu. Foi naquele
local que comecei a namorar com o Francisco. – Sentiu-o encolher e eu não
queria voltar a falar mas ele colocou a mão sobre as minhas costas agarrando
depois a minha anca. Aí senti-me melhor e continuei a falar. – Eu comecei a
namorar com o Francisco e as nos primeiros dias parecia tudo um sonho mas ele
começou a tratar-me mal, a fazer-me sentir mal. Humilhava-me e eu deixava,
porque amava-o e deixava que tudo acontecesse. Quando fazíamos 3 meses de
namoro e farta de tudo o que ele me fazia sentir vim ter aqui com ele e disse
tudo o que tinha a dizer, estava farta de sofrer e de ser mandada abaixo, farta
de ser humilhada e maltratada. Ele ficou chateado e fez-me sentir a pior pessoa
á face da Terra chamou-me imensos nomes e eu senti-me ainda pior. Chorei tanto
e sofri tanto e tenho medo no fundo que tu faças o mesmo comigo. – Sentei-me no
colo dele e ele aconchegou-me, deu-me um beijinho no nariz e respondeu olhando
em frente, e eu olhando para ele, deliciando-me com cada traço daquele homem:
-Eu nunca te faria isso e se ele te fez é porque nunca
te amou desculpa ser tão direto mas é verdade. Se ele fosse um ser humano
decente não te fazia sentir mal, fazia sentir-te bem, fazia amar-te loucamente
mas também te amava do mesmo modo, fazia sonhar-te mas sonhava também. Fazia
sentir-te a mulher mais feliz do mundo. Dava-te o mundo se fosse preciso.
-Obrigada por seres perfeito meu bem, por me dizeres
coisas lindas e perfeitas que me fazem sonhar mas mais importante: por me
fazeres sentir amada e por demonstrares o que dizes sentir por mim. – Abracei-o
e de seguida beijamo-nos. Mas entretanto vi o meu irmão do outro lado da rua,
corri até ele e puxei o meu namorado até ele, apresentei-os mas meio a correr,
o pequeno já estava atrasado para o treino e acho que não entendeu bem quem era
o Nicolás, quem era o meu namorado que por acaso era o meu ídolo. Avistei os
meus pais a aproximarem-se e senti que o Nicolás ficar envergonhado, apertei-lhe
a mão e sussurrei:
-Vai tudo correr bem perfeição! – Ele sorriu e num
instante chegaram os meus pais, cumprimentamo-los e fomos até ao treino,
apresentei o Nico ao grupo todo de familiares dos outros colegas de equipa do
meu irmão, por sorte não eram muitos mas mal o reconheceram começaram a fazer
perguntas e respondemos com toda a naturalidade. Algumas mães elogiaram o meu
vestido e o modo particular em que estava: para além de apaixonada estava
bem-disposta e feliz e o Nicolás estava na mesma, apesar de mal o conhecerem
(só conheciam dos jogos, dos treinos e de tudo o que eu tinha partilhado que
sabia sobre ele!) sabiam que ele estava feliz e apaixonado ao meu lado. Houve
um pai que me deixou mesmo sem jeito, disse-lhe que eu era fã número 1 dele e
que sabia tudo a seu respeito, corei e fiquei da cor do meu vestido, era
verdade mas não queria que ele soubesse disso. Tentei esconder-me mas ele
abraçou-me e deu-me a mão, senti a minha vergonha ir embora. Entre muitas
brincadeiras lá acabou a hora do treino e estava na hora do tão temido jantar.
Levanto-me para sair das bancadas mas sinto uma quebra de tensão enorme e não
tenho onde me segurar ou arranjar forças, desmaio mas acordo minutos depois
deitada com todas as pessoas que estavam sobre aquela bancada ao meu redor mas
as mais próximas eram sem dúvida o Nicolás, os meus pais e o meu irmão. Eles
estavam em pânico! Abri vagarosamente os olhos e senti o meu pai pegar-me ao
colo e levar-me até ao carro e irmos a caminho do hospital. Estraguei aquela noite,
eu não fiz por mal, eu queria que tudo corresse perfeito mas foi longe disso.
Ia no banco de trás com o Nicolás do meu lado esquerdo, a minha mãe do lado
direito e o meu irmão e pai na parte da frente do carro, íamos a caminho do
Hospital e nem valia a pena reclamar que não era preciso, estava rodeada de
teimosos e não iria ganhar. Num instante chegamos lá e estava na hora de verem
o que se tinha passado comigo e de verem se estava realmente bem
Como correrá o final de noite no hospital?
Será que vai recuperar bem? O que se terá passado para
Rita ter desmaiado?
Sem comentários:
Enviar um comentário