“ A Nossa Relação Atribulada”

Ele aconchegou-me entre os seus braços e eu sorriu, aquele calor dele fazia-me sentir bem, fazia sentir-me segura e não tinha vontade de fugir ou de responder, de me voltar para lhe dar um estalo ou de ter outra atitude que não fosse beijá-lo e ficar com ele a viver aqueles nossos momentos. Ao contrário das outras mulheres eu não pensava apaixonar-me perdidamente, casar e ser mãe, eu queria viver livre para sempre e ter filhos… Sozinha! Sem um homem a controlar-nos, sem um homem a tentar tirar-me a liberdade, queria ser apenas eu e os meus filhos. Já apanhei um susto valente em relação ao ser mãe mas foi só isso… Um susto, um percalço! Não, nunca estive noiva nem escondo um passado estranho e secreto simplesmente existe partes na minha vida que prefiro não falar sobre elas e a questão dos filhos estava onde pertence, ao passado. Depois de muito pensar acabo por lhe responder:

-Prefiro não falar sobre isso Ezequiel. É uma questão que está resolvida e está onde deveria estar…No passado!-mas ele aconchega-me ainda mais entre os seus braços e sussurra-me ao ouvido:

-Raquel, sabes que podes contar comigo para tudo, afinal somos namorados.- Mal ele termina eu levanto-me, desta vez eu não ia fugir mas ia responder-lhe sendo eu mesma porque aquele abraço deles tirava-me o lado forte, tirava a parte mais fria e dura da minha personalidade e com a distância suficiente entre nós eu já conseguia pensar bem no que lhe responder:

-Não insistas! Eu não quero falar vê se entendes isso!-já estava novamente exaltada e olhava-o olhos nos olhos e ele apenas sorria o que me deixava mais enervada. –E porque é que estás com esse sorriso parva estou aqui a fazer figura de palhaça ou quê?

-Não estou a sorrir por causa disso tonta.-Abraçou-me ficando de frente para mim e eu deliciava-me com ele, simplesmente, e continuou. – Quando estás envolta nos meus braços ficas mais calma mais tranquila, ficas tu mesma simplesmente sem medo do que possa dizer ou fazer quando não estás, ficas a mesma Qeu a que eu chamei cariño pela primeira vez, é por isso que sorria. E por essas e todas as outras razões que estão no meu coração que eu te adoro.-beijamo-nos e eu fiquei sem saber o que dizer, ele disse realmente o que se passava comigo e eu… Eu não o podia descrever simplesmente, porque não o conhecia tão bem, mas decidi arriscar:

-Ezequiel…-fiz uma pausa para respirar bem fundo. – Tu és um lutador nato, depois de te dar um estalo tu beijavas-me, mesmo quando eu dizia que eras um mulherengo tu abraçavas-me, quando te deixei sozinho em casa todo despido depois de fazermos amor, e de acabar a nossa relação tu vieste à minha procura e encontraste-me com o João.- Ele ficou com um ar um tanto furioso e zangado mas eu continuei para lhe explicar o porquê de o ter colocado na conversa.-Tu separaste-nos e disseste que gostavas de mim, e pediste-me em namoro e eu nunca, nunca tive coragem sequer para te dizer o que sinto.

-Podes fazê-lo agora?-os seus olhos brilhavam.

-Puder podia mas não era a mesma coisa!-beijei-o.- Vamos lá aproveitar este excelente dia de praia. Agarrei-o na mão e puxei-o até junto do mar, estava a começar a despir-me mas ele agarra-me com os seus braços colocando-me bem perto de si impedindo que continuasse, beijou-me e disse:

-Qeu não faças isso, eu não quero que te vejam assim, prefiro que seja apenas eu!-sorrimos cumplicemente e eu encostei os nossos lábios e ele continuou-Quero continuar a nossa agradável conversa para saber do nosso futuro, do que sonhas e idealizas, quero conhecer a minha namorada ao pouco e saber o que queres para nós…-levou-me ao colo até onde estávamos antes da minha corrida. Aquele perfume, aquele toque, a sua respiração, o bater do seu coração… Ai aquele homem! Concentra-te Raquel Alexandra não te podes apaixonar muito menos por um mulherengo… Mas um mulherengo deste calibre ui! Qeu: gritei para mim mesma! Concentra-te! E assim que ele me pousou e se colocou atrás de mim abraçando-me com o seu corpo, comigo sentada entre as suas pernas fala:

-Eu sei que tu não queres assumir o que sentes, não queres falar sobre o teu passado mas eu preciso de te conhecer mais e melhor. Quero saber o que queres para o futuro, do que não queres, dos teus sonhos, quero saber tudo.- Eu entendia que ele me queria conhecer melhor porque afinal estávamos numa relação séria, ele queria conhecer com que passaria a partilhar um pouco da sua vida, era agora que ele ia conhecer a verdadeira Qeu e se vai “desapaixonar” pensei para mim mesma! Mas decidi responder:

-Isso são muitas perguntas e poucas respostas por isso tem calma contigo! –sorri- Eu não sei o que quero amanhã simplesmente mas luto para saber, tenho sonhos claro, quero ter 2 filhos lindos, quero ter a minha casinha, o meu trabalho, quero cometer loucuras eternamente.

-E queres casar-te?-olhou-me olhos nos olhos perguntado isto e eu fiquei sem saber o que responder mas arrisquei:

-Não.- Respondi calmamente. – Não quero um homem a tirar a minha liberdade a dizer-me o que posso ou não fazer, não quero ter um compromisso a esse nível.

-Tu não mudas mesmo.- Levantou-se e virou-se de costas para mim.- Primeiro insinuas que te tiro a liberdade, depois estás comigo e nem pensas em casar-te, e um homem não te diz o que podes ou não fazer, simplesmente sugere, quem manda na tua vida és tu!-estávamos novamente a discutir (para variar!) aquilo já era um (quase) hábito desde que começamos a namorar, discutíamos pelas coisas mais parvas muito talvez devido á nossa diferença de personalidade, á nossa maneira de ver a vida e talvez devido á infantilidade de termos uma relação sem nos conhecermos. Levanto-me e grito:

-Eu sou diferente das mulheres que estás habituado já te disse! Eu não caiu em falinhas-mansas de pensar de pensar no futuro pouco depois de começarmos a relação. Só porque és mulherengo não quer dizer que eu cai-a nessa história como as outras! Eu não sou igual ás outras!-comecei a chorar enquanto dizia isto.

Como acabará a discussão destes dois?

Será que Ezequiel vai conseguir demonstrar a Qeu que não é o que ela pensa? Será que é esta que Qeu entende o que sente por ele?